O
presente estudo intitulado, José do Egito; um político ético, teve como
objetivo analisar o conceito de ética secular e cristã e como José do Egito
utilizou a ética cristã em sua política no Egito, e está fundamentado em
diversos teóricos seculares e cristãos.
Trata-se
de um pequeno estudo da ética na política de José do Egito, que visa
identificar e compreender o que é ética e como ela pôde ser aplicada à política
de José. Além disso, o estudo apresenta indiretamente pela vida de José, que é
possível ser ético mesmo em meio a um sistema que tende para corrupção que é a
política.
CONSEITO
DE ÉTICA CRISTÃ
A
ética é a teoria ou ciência que se pauta no comportamento moral humano na
sociedade, tendo como objetivo constituído pelos diversos atos humanos, os atos
conscientes e voluntários dos indivíduos que afetam direto ou indiretamente
outras pessoas, grupos sociais ou a sociedade como um todo. (VÁSQUEZ, 2002,
p.23,24).
Na
política a ética se apresenta de maneira mais abrangente, por apresentar a
oportunidade do individuo ir e vir em favor do bem de um grupo sempre maior de
pessoas, exigindo assim uma honestidade específica, determinada pelo fim, pelo
bem moral, não excluindo ninguém. (CULTRERA, 1999, p. 40)
Tendo
em visto o conceito básico de ética, a ética cristã ela vai mais além, para
Grenz (2006, p.250); “Vista da perspectiva cristã, a ética pode ser definida
como o estudo da vida ética ensinada na Bíblia”.
“A
Ética cristã em sua essência, é normativa, enquanto a ética secular é mais
descritiva. Vai muito além dos costumes, comportamentos ou atitudes, pois tem a
ver com o bem e mal revelados nas Sagradas Escrituras, e isso em termos
absolutos”. (REIFLER, 1992, p. 16)
Em
suma, a ética cristã se distingui da ética secular por se pautar não em padrões
humanos de comportamento moral, mas em princípios divinos, ditados pelo próprio
Deus, que por sua vez apresentam traços do caráter perfeito do Soberano criador
ÉTICA NA POLÍTICA DE JOSÉ
José
é apresentado na Bíblia como um jovem que buscava constantemente fazer a
vontade de Deus, para White (2007, p. 222); “Aquele que vive de acordo com a
vontade do criador, está a segurar para si o mais verdadeiro e nobre
desenvolvimento de caráter”.
No
ambiente de trabalho, independente de qual seja, é onde mostramos claramente
nosso caráter, não é o nosso comportamento nos dias de folga que mostra a
profundidade de nossa fé cristã ao mundo. É o modo como nos comportamos no
ambiente de trabalho, em nossas tarefas e cargos, seus atos e atitudes morais
no seu emprego é que revelam seu verdadeiro caráter. (SWINDOLL, 2000, p. 218).
José
foi promovido a braço direito do faraó, estando nesta alta posição foi fiel ás
responsabilidades que seu cargo exigia. Planejou sabiamente o que deveria ser
feito durante a fome e administrou a economia egípcia de maneira que
conseguisse salvar vidas (Gn 41. 46-49, 53-57). Pelo principio divino José
sabia que era desta maneira que Deus queria que ele procedesse em seu trabalho.
Deus utilizou a fidelidade de José para preservar a descendência de Israel,
para cumprir assim a promessa feita a Abraão (Gn 45.5-8), a honestidade de José
nasce de um Deus que é honesto e fiel.
Ele
usou seu poder e sua influência com compaixão. Sendo o segundo homem no comando
do Egito, estando somente sob as ordens do faraó, José poderia ter usado a sua
posição para se vingar das pessoas que lhe fizeram mal, tais como seus irmãos,
os mercadores de escravos e a esposa de Potifar. Mas, o registro bíblico mostra
atitudes opostas a esse tipo de posição: ele usou seu incrível poder para
proporcionar a harmonia e a reconciliação (Gn 45.3-15:50.20).(RADMACHER, 2010,
p. 101)
Para
Swindool (2000, p. 225); “Como líder era eficiente, sábio, objetivo e flexível.
Havia também em sua liderança uma calma serena e segura, belíssima de
observar”. Sua eficiência se prova com o sucesso obtido em manter seu povo num
período de grande seca, seu preparo foi eficaz. Para tal José se utilizou de um
política séria que visava o beneficio do rei e também do povo.
“Era
axiomático no mundo antigo que o devedor pagava como podia, desde que possuísse
algo que pudesse entregar – inclusa, em última instancia, a própria liberdade
pessoal. A lei Israelita aceitou o principio, embora modificando-o com a
introdução do direito de resgate (Lv. 25:25). A tática de José, portanto, foi
notável principalmente por ser por completo em beneficio do rei. Tem se dito
que empregou meios comerciais, comprando o excesso da produção de cereais com
dinheiro real nos bons anos; mais é mais simples entender que ele impôs, por
autoridade um tributo, como inicialmente havia recomendado, em Gn. 41:34”.
(KILNER, 1999, p. 195)
No
momento de crise o povo havia gasto todo dinheiro que possuíam, inclusive as
economias para comprar alimentos. Chega o momento onde não havia mais recursos
monetários. Diante de José o povo apresentou suas queixas por não terem
dinheiro e o indagaram do que fariam para ter alimento, José mostra-se severo
em não ceder alimento de graça, se cede-se a um teria que ceder a todos
gratuitamente, logo José compra do povo o gado e por seguinte toda a terra em
troca de alimento. Após isso José agora
torna todos escravos, no entanto o que a bíblia apresenta é que estes escravos
recebiam bem por seu trabalho, pois, trabalhavam na terra e tinham 80% de sua
produção, apenas o restante era destinado ao faraó (Gn 47: 13-0.
José
provia os meios para a produção, e quatro quintos do que se produzia era a
porção dos agricultores arrendados. Isso é uma porcentagem muito melhor do que
aquela que os modernos agricultores arrendados desfrutam, por exemplo, no
Brasil, onde a taxa é de metade da produção. Antes de José, o Egito era uma
monarquia limitada. Mas, com ele, tornou-se uma monarquia absoluta. Talvez o
poder do Faraó para cobrar taxas fosse antes limitado; mas agora tornara-se
absoluto. (CHAMPLIN, 2001, p. 281)
José
através disso mostra seu amor ao povo fazendo com que trabalhasse na terra que
anteriormente os pertencia, tendo deste trabalho um lucro quase absoluto. Sua
política administrativa tornou de maneira ética acessível o alimento ao povo em
momento de seca e proporcionou a terra para o sustento futuro, com isso
estruturou e manteve administrativamente o Egito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
estudo expresso neste artigo identificou o conceito de que a ética se pauta no
comportamento moral humano, que na política ela se mostra de maneira mais
abrangente por lidar com o bem comum de uma comunidade, mostrou também que a
ética cristã está ligada intimamente ao caráter de Deus. Na vida política de
José pode-se observar que é possível ser ético na política, mesmo esta sendo um
sistema tentador quanto a corrupção e o poder. Que a ética na política é
possível e necessária principalmente em momentos de crise econômica, nada
justificando o beneficio a uns e o maleficio a outros, sendo possível os
direitos iguai.
José
através de sua política manteve e apresentou o verdadeiro caráter cristão, cuidando
dos interesses do faraó mas também de todo povo, empregou a igualdade de
direito e proporcionou ao povo melhor qualidade de vida. Em todo seu trabalho
político, foi José ético, sendo um modelo para todo político que deseje ter
êxito de maneira honesta.
.
Por: Nilton de Paula Lima
REFERENCIAS
VÁSQUEZ, A. S. Ética. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira: 2002.
GRENZ, S. J. A Busca da moral: fundamentos
da ética cristã. São Paulo: Editora
Vida, 2006.
REIFLER, H. U. A Ética dos Dez
Mandamentos: um modelo de ética para os nossos dias. São Paulo: Edições
Vida Nova, 1992.
CULTRERA, F. Ética e
Política. São Paulo: Paulinas, 1999.
RADMACHER, Earl D.; ALLEN, Ronald B.; HOUSE, H. Wayne
(Ed.). O novo comentario
biblico [do] Antigo Testamento. Rio de Janeiro: Central
Gospel, 2010
SWINDOLL, Charles R. José: um homem integro e indulgente.
São Paulo: Mundo Cristão, 2000.
KILNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São
Paulo: Edições Vida Nova, 1999
CHAMPLIN, R. N. O Antigo testamento interpretado versículo
por versículo: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números . 2. Ed. São Paulo,
Hagnos, 2001.