O
QUESTIONAMENTO DE SI NA ATIVIDADE MINISTERIAL ADVENTISTA
Eduardo Rodrigues Brito¹
1)
INTRODUÇÃO
O presente estudo busca
apresentar considerações importantes sobre o questionamento de si na atividade
ministerial adventista. O grande problema é que vivemos uma crise de identidade
do ministro no século 21(vinte e um). Como harmonizar os conflitos e quais
alternativas de enfrentamento do ministério eficaz? Como conhecer a si mesmo,
atender as necessidades da igreja, levando-a ao reavivamento e reforma? Quais
as alternativas de enfrentamento para um ministério eficaz e realizador?
O questionamento de si mesmo, envolve questões
importantes, para que pastores sejam moldados segundo o coração de Deus; que
sejam consagrados, trabalhando unidos e
coesos com as diretrizes da Igreja local e do campo. Para Sócrates conhecer a
si mesmo antes de tentar persuadir alguém é de fundamental importância. Salomão
afirma: “A sabedoria do prudente é entender o seu próprio caminho” (Pv. 14:8).
O presente artigo está
dividido em sete subtítulos: Conceituando Pastor, Ministério Evangélico e
Conhecimento de Si Mesmo; Exigências para um ministério eficaz na perspectiva
da IASD local e do Campo Missionário; Exigências para um ministério eficaz na
perspectiva da IASD e do Campo; Exigências em relação ao ministério na
perspectiva bíblica; O questionamento de si mesmo no ethos ministerial
contextualizado na IASD; Alternativas de enfrentamento das exigências para um
ministério eficaz e realizador; Relacionar o olhar dos ministros adventista no
recôncavo baiano com as demandas de trabalho em função do questionamento de si
mesmo; Conclusão.
O trabalho foi
fundamentado em alguns autores: Strong(2002), White(1914), Rodrigo(2009),
Fisher(2006), Baxter(2009), Murdock(2008), Paganini(2010), entre outros. Para
melhor fundamentar e explanar o tema. Segui a seguinte etapa: Fase aberta ou
exploratória, coleta dos dados e análise dos dados.
Para cumprir com o objetivo principal, foi
utilizada a entrevista investigativa para constituir um processo da
reconstrução da realidade pesquisada. A amostra utilizado foi de cinco ministros
entre um e dez anos de atuação.
2)
CONCEITUANDO
OS TERMOS PASTOR, MINISTÉRIO EVANGÉLICO,
QUESTIONAMENTO DE SI MESMO
2.1 Pastor
Pastor é um homem designado para cuidar das
pessoas. Assim como um pastor de ovelhas apascenta, o pastor também é chamado
também para apascentar (no sentido de cuidar), alimentar (levar as pessoas a
serem alimentadas da palavra de Deus que é a Bíblia), ser amigo (estar próximo
das pessoas, que são carinhosamente chamadas de ovelhas). No
dicionário hebraico Strong encontramos a raiz da palavra pastor: רעה ra ̀ah, os termos usados são:
cuidar, apascentar, alimentar, pastar, aquele que cuida do rebanho, ser um
amigo especial, companheiro. (STRONG, 2002, p. 992).
Na Igreja Adventista do sétimo dia, o pastor
distrital, é aquele que cuida diretamente das igrejas confiadas a ele num raio
de ação de algumas cidades. Alguns com seis ou dez, e dependendo de algumas regiões
do Brasil dezoito ou mais igrejas. Em alguns casos é necessária a presença de
até mais de um pastor por igreja, quando o número de membros é elevado, exemplo
igrejas com mais de 3.000 três mil membros. O pastor cuida pastoreando,
visitando, pregando, fazendo treinamentos, resolvendo conflitos, realizando
projetos sociais entre outros.
Na Bíblia no Salmo 23:1 lemos: “O Senhor é meu
pastor e nada me faltará”. Deus é apresentado na figura do Grande e Supremo
Pastor. Na concepção vétero-testamentária de Deus como "O Pastor",
dois componentes são fundamentais: força e afeição. “Pastor é autoridade e
solicitude, poder e carinho, vigor e ternura”. Deus é o excelso soberano,
Adonai, mas ao mesmo tempo o terno Pai. Ele é aquele que conhece as ovelhas,
chama-as pelo seu nome. (ROSA, 2004, p. 28). Pastor é isto, autoridade,
carinho, amizade e relacionamento. O pastor é chamado para estar em contato com
o dia das pessoas, participando da vida delas e sendo um agente de
transformação. Todo aquele que é chamado por Deus, sente o desejo de levar as
pessoas (ovelhas) para pastos verdejantes e águas de tranquilidade. As ovelhas (pessoas)
perderam a capacidade de descansar e o pastor é chamado para trazer o bálsamo,
a alegria para vida de cada família e a cada um individualmente.
2.2 Ministério
evangélico
Dentre as definições do
ministério, temos a palavra διακονια diakonia serviço, ministério, daqueles que executam os pedidos de outros,
daqueles que pelo pedido de Deus proclamam e promovem religião entre os
homens, do ofício de Moisés, ofício dos
apóstolos e sua administração, ofício dos profetas, evangelistas, anciãos,
aqueles que ajudam a atender necessidades, seja pelo recolhimento ou pela
distribuição de caridades, ofício do
diácono na igreja e serviço daqueles que preparam e ofertam alimento. (STRONG,
2002, p. 1303)
Ministério evangélico é serviço.
O ministério evangélico faz avançar o reino de Deus aqui nesta Terrra, assim
como fizeram os apóstolos e os profetas. Como Moisés no deserto cuidou de uma
multidão de pessoas, o ministério serve para transformar e restaurar a vida das
ovelhas. Ministério é contato pessoal, ministério é pregação, é contato direto
com pessoas. Ministério evangélico é isto, atender as necessidades das pessoas.
Jesus atendia as multidões, mas também era especialista em auditório de uma
pessoa só. Diferente de outros ministérios, o ministério evangélico tem um
patrão especial Jesus Cristo. É Ele o centro do ministério evangélico. É nele
que o pastor deve ter o modelo. Em Lucas 19:10 lemos: “Porque o Filho do Homem
veio buscar e salvar tudo que se havia perdido”. Ministério evangélico são boas
novas. Ministério é serviço de um sacerdote. E o que é um sacerdote? Aquele que
intercedia pelo povo. Era morto um cordeiro e levado até o sacerdote, que fazia
todo ritual do sacrifício no antigo testamento para que o pecador fosse liberto
da culpa. O que é evangelho? Evangelho é Jesus Cristo. Ele é o conteúdo do
evangelho. O ministério evangélico é realizado por um sacerdote (pastor), que
leva até o coração dos ouvintes o poder de Deus para transformação de pessoas.
Para este trabalho o pastor é chamado. Para ser um agente de transformação.
É necessária a presença do
Espírito Santo para que o Ministério Evangélico seja eficaz: A ausência do
Espírito na vida do ministro torna impotente o ministério evangélico. Pode ser
talentoso e eloquente, mas sem a presença do Espírito de Deus não se tocará
nenhum coração, nem se ganhará pecador algum para Cristo. De outro lado, o
pastor ligado com Cristo terá poder para falar aos corações. (WHITE, 1915, p.
328).
O
ministério cristão é uma luta de vida ou morte. Embora ele se desgaste, e, por
assim dizer, morra gradativamente, o seu espírito está sendo constantemente
renovado. Portanto, ele nunca desfalece. (II Cor. 4:16). Paulo refere-se
diversas vezes nesta epístola as dificuldades do ministério; porém a passagem
mais densa e conhecida é 4:8,9 : “Em tudo somos atribulados, mas não
angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados;
abatidos, mas não destruídos. (FISHER, 2006, p.131)
Cristo está à frente do
ministério evangélico, dando forças, para que com coragem o pastro avance sendo
agente de transformação, agente de salvação e que se espelha em Jesus Cristo
para salvação de almas.
2.3 Questionamento de si mesmo
Existe
um grande questionamento dentro do pastorado sobre si mesmo, uma vez como espetáculo
para o mundo, muita das vezes perde sua identidade.
Pois ele representa o sacerdócio real de Cristo. Na constatação de
Sócrates: “Desde que existe, o homem se oferece como
espetáculo a si próprio. Com efeito, há dezenas de séculos ele só olha a si
mesmo. No entanto, mal começa a adquirir uma visão científica de sua
significação na Física do Mundo.” (CHARDIN, 1986, p. 26).
O desespero mudo é algo
que perturba o pastor. A grande desgraça cai sobre o homem que deixa de se
conhecer, deixa de questionar a si mesmo, perde até sua imunidade contra uma
série de doenças modernas. Enfrenta diversas pressões que o rodeiam. (PETER,
p.57, 1974). Algumas vezes o pastor sofre calado. Em suas angústias, em meio a
correria do dia a dia, deixa de tirar tempo para si próprio para comunicação
pessoal com Deus.
Gondim (2009); diz que
o pastor tão querido, muitas vezes sofre sozinho porque não tem ninguém pra o
ouvir ou por não poder desabafar. Não pode contar mesmo com os melhores amigos,
quando a angústia cala fundo do íntimo da alma, por pecados que ouvidos mortais
não podem, não devem ou não querem ouvir. Este aspecto é importante, porque o
pastor muita das vezes tem segredos, que não pode compartilhar com ninguém, é
só dele. Muita das vezes sofre calado, em problemas, conta com apenas Deus e
ombro amigo da guerreia esposa, amiga de todas as inseparáveis horas. Na
maioria das vezes se vê solitário, porém não está só, Deus está com o
ministro.
Um dos muitos problemas
que afligem o ministro é o da crise de identidade. Quem sou eu? Até certo ponto,
será este um problema que aflige o pastor que vive na influência da hierarquia?
(PETER, 1974, p. 58). Dependendo de como
ele lida com esses questionamentos pode chegar a um avanço considerável em sua
obra de servir ou um retrocesso fatal.
Uma das grandes
aflições é que existe a cobrança externa. Prestação de contas, comunhão com
Deus, tempo para família, tempo para visitar, resolver questões
administrativas. Quem sou? Até que ponto estou pronto para a pressão? São
perguntas que lhe inquietam.
O pastor pode ser um
espetáculo ou uma vergonha para o mundo. Várias pessoas estarão observando sua
vida e cobrando que ele seja o modelo. Em algumas vezes a perda do questionamento
ou conhecimento de si mesmo, deixará o pastor sujeito às doenças, problemas físicos e psicológicos e pode perder
dia após dia sua identidade. A luta é grande, é necessário o conhecimento de si
mesmo, porém Deus nunca deixa o pastor lutar sozinho. Deus anda lado a lado com
o pastor.
3)
exigências para um ministério eficaz na perspectiva
da IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA
São grandes as
atribuições que se espera do pastor. Dentre elas, existem dois grupos nos quais
ele presta conta diretamente. A instituição, que é o Campo onde o pastor está
exercendo suas atividades pastorais, e, às igrejas locais aonde ele atende
diretamente.
3.1 Administração do Campo Missionário
Muitas são as
expectativas do campo local de trabalho para o pastorado. Dentre algumas delas,
vamos citar 04 quatro essenciais. Que o Pastor seja um homem de liderança
responsável, que consulte a liderança, que estabeleça o reino de Deus na terra
e um homem de liderança servidora.
Pastor que consulta a
liderança local da Igreja. É fundamental ao pastor, se aconselhar com a
liderança de seu campo. Pedir conselhos antes de comprar um terreno, envolver
em um programa de estudo, convidar pessoas para falar em sua igreja ou
distrito. (PAGANINI, 2010, p.49). A Associação ou Missão sentirá segura em
saber que possui um pastor que se aconselha antes de tomar decisões. Na dúvida
é necessário tomar sábios conselhos para se resolver. Assim como os reis da
Bíblia se aconselhavam com os anciãos antes de tomar decisão é necessário para
o pastor estar atento e se aconselhar sempre.
Pastor de liderança
responsável. A forma da Igreja adventista é representativa, não congregacional.
Conquanto sensível às necessidades da igreja, ela leva em conta uma perspectiva
mais ampla. (PAGANINI, 2010, p. 49). Somos uma igreja mundial. A decisão que o
pastor toma aqui deve ser pensada e refletida com intensa responsabilidade. O
pastor não cuida apenas dos interesses locais, por isto o campo espera um
ministro que tome a frente de uma obra mundial. Amplitude. Por isto a Igreja
tem seus projetos locais, mais em sintonia com os projetos mundiais. É preciso
responsabilidade. Cuidamos do interesse de Deus. Não local apenas, mas
globalizado. ´
Pastor que estabeleça o
reino de Deus na terra. A igreja tem uma visão de futuro e direção em sua obra.
O campo local trabalha unido, de modo coeso para atingir objetivos. E o pastor
é este líder nomeado para isto. A obra é supervisionada por ele. É o ministro
responsável por apoiar os programas da igreja e executar os mesmos. (PAGANINI,
2010, p. 99). Somos um time, uma equipe. Uma equipe não cuida apenas de um
ponto, mas de um todo. Somos corpo de Cristo. O pastor deve trabalhar unido com
as diretrizes do campo local, para o estabelecimento do reino de Deus na Terra.
Pastor que esteja
imbuído de uma liderança servidora. A liderança cristã é uma liderança de
serviço. Igrejas saudáveis e prósperas normalmente tem uma liderança forte e
efetiva. Forte não significa dominar ou manipular, mas um pastor pronto a
servir em todos os momentos. Jesus disse: Sabeis que os governadores dos povos
os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre
vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos
sirva. (Mateus 24:25,26). (PAGANINI, 2010, p. 99). É necessário ao pastor,
visualizar, organizar, delegar e supervisionar. A visão do futuro busca exemplo
do passado, organização requer compromisso, tempo e efetividade, delegação é
fundamental, ao delegar o pastor dará aos membros oportunidade para crescerem
espiritualmente e ao supervisionar terá a oportunidade de ser um gestor, poderá
avaliar o trabalho o crescimento e premiar e comemorar cada vitória conquistada
ao longo de cada planejamento. A Igreja espera um homem capaz, que é um eterno
aprendiz, que tem projetos, que anda de mãos dadas com a liderança para o
estabelecimento do reino de Deus na Terra e, um homem responsável e
comprometido com o avanço da obra do Mestre Jesus Cristo. O maior homem que
viveu nesta terra viveu para servir. Jesus Cristo nosso maior exemplo.
3.2 Igreja
local
Quais
são as expectativas da igreja local? O que a igreja espera do pastor? Existem
as expectativas do campo, mas também existem as da igreja e quais são elas?
Algumas das expectativas não eram tão boas assim.
Uma senhora me disse: Espero que o senhor nunca tire um dia de folga. O
reverendo Ketcham nunca tirou! Os habitantes da cidade também tinham expectativas. (FISHER, 1999, p. 12). É
um pouco curioso isto não? É necessário que o pastor tenha um momento para
descansar, pois o trabalho é árduo. Dentro do Ministério Adventista o Ministro
tem um dia de folga toda semana e trabalha os outros. No sábado o trabalho é
espiritual, mas não deixa de trabalhar a mente. Esta citação é curiosa, pois é
necessário recarregar as energias para fazer um trabalho eficaz e bem feito.
Fisher também diz que tinha suas expectativas vejamos:
Eu também tinha expectativas para com a minha igreja e comunidade. Eu
esperava que agissem como cristãos, os líderes liderassem e a igreja amasse a
Deus e sua Palavra. Acima de tudo, deviam cuidar bem de mim! Afinal, eu lhes
dava a minha vida. (FISHER, 2006, p. 13). O pastor também quer ser amado. Todo
sonho é de uma igreja que ame a Deus e sua palavra, nem sempre é assim. Mas a
chave é cuide da igreja de Deus e Deus cuidará de você amigo pastor.
A igreja espera um pastor que tenha íntimo contato
com a Palavra de Deus (a bíblia), um erudito, mas, sobretudo um homem que tem a
presença do Espírito Santo em sua vida. A igreja quer o pastor que visita, e,
sobretudo que tenha Deus como primeiro na vida.
A
igreja espera um pastor que ensina: O pastor deve ensinar os membros da igreja
que, a fim de crescerem em espiritualidade, levar o fardo que o Senhor sobre
eles pôs - o encargo de conduzir almas à verdade. Aqueles que não estão fazendo
em face de suas responsabilidades devem ser visitados, orando-se e
trabalhando-se com eles. Não leveis o povo a descansar em vós como pastores;
ensinai-lhes antes que devem usar seus talentos em comunicar a verdade aos que
os rodeiam. É lindo porque, hão de ter a cooperação dos anjos celestes, e
obterão uma experiência que lhes acrescentará a fé, tornando-os firmes em Deus.
(WHITE, 1.915, p. 2000). É necessário levar o povo a verdade.
É
necessário confrontar a igreja: A maior pressão enfrentada pelo pastor, talvez
seja dentro da organização eclesiástica do relacionamento entre o pastor e a
diretoria da igreja local. Os detalhes podem mudar, mas a história é sempre a
mesma: o pastor deseja levar a igreja numa direção, e a diretoria igreja deseja
seguir em outra. O pastor afirma crer que recebeu ordens de Deus, por isso é
melhor que a diretoria o siga. A diretoria, porém, não está convencida e “finca
o pé”, preparando-se para uma longa batalha de poder. (LUTZER, 2000, p. 27). É
necessário ter autoridade da palavra de Deus, autoridade do Espírito da
Profecia e autoridade do Manual da Igreja e com carinho, mas com autoridade
divina tomar sábias decisões. Algumas decisões tomadas algumas vezes vão
confrontar com os interesses humanos, mais jamais devem confrontar com os interesses
de Deus.
4)
exigências MINISTERIAIS na perspectiva bíblica.
A
Bíblia é realmente a chave para o dia a dia do ministério, o livro de sabedoria
do pastor, e não apenas o livro dos sermões, como alguns acabam
considerando. “Muitos pregadores só leem
as Escrituras quando estão procurando um sermão para seu povo. Este é o grande
dilema. Muitos não vivenciam esta bênção. A Palavra de Deus não é uma parte de
sua vida pessoal. Ela deve orientá-lo em todas as áreas de sua vida.” (MURDOCK,
2007, p.19).
4.1 Conhecer
da Palavra
Todo pastor deve manejar bem e com competência a
palavra de Deus. As verdades da Bíblia devem ser interpretadas corretamente, de
modo que nenhuma parte das escrituras seja definida em oposição ao quadro
apresentado pela Bíblia como um todo. Maneja-la corretamente, sugere dar ênfase
à verdade sagrada. (DORNELES, 2014, p. 352). Em Hebreus 4:12 lemos: Porque a Palavra de
Deus é Viva e Eficaz, e mais penetrante do que espada de dois gumes, e penetra
até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração. Duas coisas maravilhosas:
Primeiro, a palavra de Deus transmite vida aos homens por intermédio de Jesus
Cristo. Segundo, Essa palavra é impelida pela ação do Espírito Santo; portanto
é algo vital e poderoso, realizando tudo que lhe compete. É uma palavra que dá
vida ou condena, dependendo da aceitação de cada pessoa. (CHAMPLIN, 2002, p.
520). O ministro é chamado para transmitir esta palavra maravilhosa para as
ovelhas, revelada pelo amor de Deus através do seu Filho Jesus Cristo para o
coração de cada pessoa. E é a ação do Espírito Santo que transforma os
corações. Esta era a tarefa de Paulo mostrar a palavra viva e eficaz, este é a
tarefa do pastor, mostrar as ovelhas que a palavra de Deus deve ser pregada, a
tempo e fora de tempo. Porque ela é útil para todas as áreas da vida. Cada
ministro tem o privilégio de levar esta maravilhosa palavra de Deus ao coração das
ovelhas.
4.2
Ser um pregador exímio
II Timóteo 4:1 e 2;
Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e
os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino; que pregues a Palavra, insta a
tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta com toda longanimidade e
ensino.
No texto acima a Palavra é o evangelho que fala
acerca de Jesus Cristo. Insta do grego ephistemi, significa permanece perto,
com ideia de estar pronto. É como se Paulo estivesse dizendo para Timóteo:
Ocupa-te de teu ministério de modo a ocupar todo o teu tempo; seja um ministro
de tempo integral, que pregue urgente e insistentemente a mensagem cristã a
todos. Quer seja oportuno ou não. Quando as oportunidades forem favoráveis
(como nos cultos públicos regulares, etc.), ou fora de lugar. Nos momentos de
lazer, continuará pregando, aos amigos, em lugares estranhos. No evangelho há
elementos que consolam e animam. (CHAMPLIN, 1998, p.398). É necessário pregar a
Palavra de Deus para todos. O pastor deve ser um homem que exorta, leva as
ovelhas a tomarem decisões poderosas ao lado de Jesus Cristo. Para isto ele é
designado. Para ter a Bíblia como um livro poderoso e capaz de transformar as
vidas. É necessário tempo para o estudo deste tão maravilhoso e especial livro,
e aplicá-lo para a igreja. Conjuro-te perante Deus e Jesus Cristo. O pastor
precisa apresentar a Palavra de Deus.
Em Tito 1:9 lemos: Retendo firme à fiel Palavra, que é conforme a doutrina, para que seja
poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os
contradizentes.
De modo que tenha poder. Os hereges tinham forma exterior. O verdadeiro
ministro, mundo da doutrina paulina e que age como seu sucessor, prega uma
mensagem revestida de poder. Sua mensagem será autêntica e eficaz. A palavra
grega dunamai, representa ser capaz para realizar uma tarefa. O pastor deveria
ter duas vozes: uma para reunir as ovelhas; e a outra para espantar e expulsar
os lobos ladrões. Palavras para consolar as ovelhas, convencer e combater as
heresias. (CHAMPLIN, 1998, p. 420). Como ser poderoso na Palavra de Deus?
Somente passando tempo em estudo. A mensagem precisa ser revista do poder do
céu, aí as ovelhas serão tocadas, levadas a tomar uma posição ao lado de
Cristo, e, para isto o pastor é chamado.
No livro de I Timóteo 2:7; Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto) fui
constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios na fé e na verdade.
Paulo foi um grande pregador. E para todos os
povos, não apenas para um grupo exclusivo, mas sua mensagem era abrangente. Do
grego Kêrux, “arauto”. O kêrux era um mensageiro oficial que proclamava os
decretos públicos do rei ou oficial de Roma. Paulo era este mensageiro.
(DORNELLES, 2014, p. 302). Paulo se considerava um mensageiro oficial de Deus.
Assim deve ser todo o ministro separado para o trabalho santo De Deus. O
ministro tem uma mensagem oficial e a deve tornar pública. A mensagem que ele
leva é a mensagem do céu, cujo Oficial e Rei é o Senhor Jesus Cristo. Era assim
que Paulo se considerava, e é assim que todo ministro deve se considerar. Paulo
era um grande pregador e sua autoridade baseava na palavra de Deus.
5)
O
QUESTIONAMENTO DE SI MESMO NO ETHOS MINISTERIAL DA IASD
Como enfrentar os conflitos da vida e ainda assim ter uma vida de
comunhão com Deus? Em que posso ser melhor, como tirar um tempo de qualidade
para Deus? Até que ponto eu estou cuidando de mim, da esposa, filhos (as)? E a
igreja? Como se dá este questionamento de si mesmo?
Não existe vocação
pública sem a vocação particular. Pastores que guiam o rebanho e se perdem no
final, estão fazendo a obra incompleta. Deus não deseja um pastor que cuide bem
do rebanho e não cuide bem de sua vida espiritual. Muita vezes o pastor se
pergunta, estou fazendo a obra completa ou incompleta? Mas o pastor tem um
ministério que não desvanece:
No ministério de Josué, seu objetivo era
claro. Qualquer que fosse a escolha do povo, ele serviria o Senhor. Seu hábil
discurso arrancou dos ouvintes o compromisso admirável – “O Senhor é nosso
Deus”, disseram eles. (GONDIM,
2009, p. 20)
É
preciso que o pastor se questione: Será que estou perdendo minha identidade? Para
um pastor, a questão de identidade é mais que psicológica. A identidade do
pastor precisa encher-se do conteúdo cristão, deve estar enraizada em Deus,
formada por Cristo, a fim de receber o poder do Espírito Santo. (FISHER, 2006,
p.31)
Muitas vezes o
pastor se pega se questionando a si mesmos : O que eu farei todos os dias? Como
vou seguir a vida do dia à dia? Esta fala é bastante evidenciada no questionar
a si mesmo: Como um raio, a verdade atingiu-me em cheio no último semestre do
seminário: dentro de alguns meses eu seria um pastor evangélico. Assustado,
comecei a estudar e orar de forma diferente. E, lá no fundo do coração, uma
pergunta instigava-me constantemente: o que eu faria todos os dias? No
princípio, a questão era muito prática. Logo se tornou mais básica e muito
real. (FISHER, 1999, p.15)
O conhecer a si mesmo é
divino, o pastor em algumas vezes é levado a não trabalhar os defeitos do
caráter, o egoísmo, não se contempla ao espelho, e se vê no campo de batalha
despreparado para guerra espiritual. É essencial trabalhar os defeitos no
conhecimento de si mesmo, e a humildade é uma chave, para vencer o orgulho e
conhecer a si mesmo. É necessário estudar a humildade para vencer o orgulho.
Portanto, toma
cuidado de ti mesmo e em todos os teus estudos, não te esqueças de estudar a
humildade. Eu confesso a minha própria necessidade de velar continuamente.
Recorda “Deus resiste aos soberbos e dá graça aos humildes”. Quase todo o mundo
prefere uma pessoa humilde em lugar de uma pessoa soberba. Este é o porquê dos
homens orgulhosos pretenderem frequentemente ser humildes. Devemos ter muito
cuidado com o orgulho, porque nenhum outro pecado está tão enraizado na nossa
natureza e é tão difícil de vencer. (BAXTER, 2009 p. 31)
Este
é um triste mal que afeta o ministério, a soberba. Este pecado é um dos mais
difíceis de vencer. Ao longo dos anos, o espírito de grandeza surge, será que
estou fazendo melhor do que os outros? O espírito de grandeza tem destruído a
vida de muitos ministros. É necessária uma reflexão, questionar-se a si mesmo.
Até que ponto tenho sido orgulhoso? Em que parte isto tem prejudicado meu
ministério? Como fazer para vencer este terrível mal? É preciso que o pastor
busque a Deus, questione-se, saia da zona de conforto, seja humildade, porque o
maior Mestre que aqui viveu em sua ceia com os seus discípulos, foi encarregado
de pegar a toalha. O pastor é grande, quando está ligado a Jesus e se torna
como um servo.
Muitos
pastores tem guiado o rebanho e ele mesmo se perdendo, esta é uma triste
realidade.
Toma cuidado de
ti mesmo porque tu, igualmente como outros, tens uma alma para ganhar ou para
perder. Ainda que pudesses pregar o Evangelho e também guiar outros a Cristo,
mas, sem santidade jamais serás salvo. Podes pregar acerca de Cristo e não
obstante descuidá-lo; podes pregar sobre o Espírito e estar-Lhe resistindo.
Podes falar acerca da fé e permanecer incrédulo; podes ensinar acerca da
conversão e permanecer não convertido. E podes pregar sobre o Céu, enquanto que
continuas vivendo mundanamente. Poderias ser o maior pregador do mundo, mas sem
a graça de Deus no teu coração, continuarás como não salvo. Os pregadores do
Evangelho serão julgados pelo Evangelho. Portanto, toma cuidado, porque tu tens
uma alma que será salva ou perdida eternamente. (BAXTER, 2009,p.10)
É
necessário ao pastor reavivamento e reforma na própria vida. Deus deseja e
espera por homens convertidos e que façam a diferença. Ele chama, mas capacita,
as dificuldades surgem, mas o ministro nunca está só.
6)
alternativas de enfrentamento das exigências para um
ministério eficaz e realizador.
Ser
chamado para o ministério é primeiramente um chamado para a espiritualidade e
isso implica em uma vida de consagração e espiritualidade. O pastor precisa ter uma dimensão particular
antes que possa exercer influência pública. Cristo se torna a paixão de sua
vida. (GONDIM, 2009, p.41).
Mas
o que é que torna o ministério eficaz? Que atitudes poderiam ser adotadas? A
eficiência do Espírito Santo é que torna eficaz o ministério. Quando Cristo
fala por intermédio do pastor, o Espírito Santo prepara o coração dos ouvintes.
O Espírito Santo não é um servo, mas um poder que rege. Ele faz com que a
verdade resplandeça no espírito, e fala através de todo discurso em que o
pastor se entrega à operação divina. (WHITE, 1915, p. 155). A vida se torna
mais leve quando o pastor se entregue a operação divina.
Murdock,
(2008) aponta para alguns caminhos alternativos que podem ajudar na
constituição de um ministério eficaz e realizador:
6.1 A voz de Deus deve ser prioridade na
vida de um ministro
As
palavras do pastor não fortalecerão os membros a menos que ele ouça primeiro a
voz de Deus. O pastor não terá paciência
nem resistência para lidar com o rebanho, nem para enfrentar as crises, ao
menos que ouça a voz de Deus. É preciso pegar a agenda com Deus nas primeiras
horas pela manhã. O que o pastor escuta primeiro determina o que ele fará no
dia. Se escutar primeiro a voz de Deus, terá o combustível para enfrentar as
lutas do dia a dia. É importante controlar o tempo para que a voz de Deus fale
nas primeiras horas da manhã, trazendo provisão e vida para o dia a dia
pastoral. (MURDOCK, 2008).
6.2 A Bíblia deve ser o seu manual de
sucesso
Sem
ela o pastor não reconhece as armas que Deus disponibiliza para a vitória sobre
Satanás. Sem ela não é possível saber que anjos estão designados para ajudar o
pastor. Hebreus 1:13 e 14; Sem Ela é impossível saber que o Espírito Santo está
presente e que o pastor não estamos sozinhos. Ela concede ao ministro poder
para enfrentar o mal. João 14:26 e Atos 1:8; Sem ela é impossível ter o
conhecimento da recompensa final por resistir o mal e ter uma vida santa. João
14:2. Tudo que o pastor precisa saber para ter sucesso no ministério está na
palavra de Deus. (MURDOCK, 2008). É esse
maravilhoso livro que traz a vida eterna. O pastor que não se apoia na palavra
de Deus, não tem autoridade para falar com ousadia e intrepidez do amor de Deus
para as ovelhas. Aquele que se apega na palavra de Deus, conseguirá pelo poder
do Espírito Santo ser um agente de transformação e de salvação. É a Palavra de
Deus que garante a vitória final.
6.3 Conhecer o seu rebanho.
Jesus
amava as pessoas. Quanto o pastor observa o rebanho, está examinando o rosto de
lutadores e vencedores. É importante chamar pelo nome. O pastor tem que se
perguntar: Eu sei o que cada pessoa faz diariamente? Se a igreja for grande, o
trabalho para o reconhecimento é complicado, mas deve existir. Pastor que
conhece o rebanho pode dar mais significado a sua existência e a existência das
suas ovelhas. Conhecendo o rebanho é possível escolher e treinar mais
adequadamente os seus líderes espirituais. Jesus conhece o pastor, e o pastor
deve conhecer o seu rebanho. Este é um dos segredos do ministro fora do comum.
(MURDOCK, 2008, p. 145-149). É necessário conhecer, amar, decorar os nomes,
treinar pessoas para que apascentem pessoas.
6.4 Pregar para revelar a grandeza
de Deus.
Deus
é a única resposta para a vida. Por isso o pastor deve pregar, de tal maneira,
sobre esse Deus tão amoroso, que provoque em seu rebanho o desejo de jamais querer sair da Sua presença e de
chamar outros para servi-Lo em espírito e em verdade. Diante de uma pregação
poderosa as montanhas de problemas que ameaçam o rebanho parecerão pequenas
pedras comparadas a grandeza de Deus. (MURDOCK, 2008, p. 216-217). Quão
diferentes seriam os cultos se o pastor pregasse tão poderosamente sobre Deus.
6.5
Desenvolver o hábito diário da ordem.
É preciso coloca os objetos no lugar
a que pertence, promovendo uma arrumação correta das coisas. O propósito da
ordem é o aumento da produtividade e criação do conforto. Quando o pastor
aumenta a ordem em seu ministério, proporciona melhor produtividade. Pequenas,
minúsculas ações, podem eventualmente produzir situações caóticas. Mas, por que
permitimos a desordem? Muitos de nós fomos criados por famílias desorganizadas,
vida extremamente ocupada em apartamentos pequenos. Contudo, isso também pode
ser superado. Pedir ajuda não envergonha ninguém. Esposa, amigos e até
profissionais estão a disposição para isso... Deus é um Deus de ordem e como
servos dele os ministros podem e devem desenvolver hábitos diários de ordem.
Sem organização, faltará tempo para Deus, tempo para a família, tempo para os
filhos, tempo para a igreja e tempo para
administração local do campo. Uma vida organizada levará ao equilíbrio. Quem
não planeja, não sabe aonde vai chegar e não chega a lugar nenhum. (MURDOCK,
2008).
7) O OLHAR DE
PASTORES DO RECÔNCAVO BAIANO NO CAMPO DE ESTUDO
Como atender as necessidades da igreja local, como
ter um ministério eficaz e realizador? O processo de questionamento de si
mesmo, como atender as exigências do campo e da igreja local, a busca diária de
Deus e a identidade pastoral. Uma pesquisa sobre o questionamento de si mesmo
na atividade ministerial e suas implicações no ministério pastoral.
Para preencher as necessidades acima expostas, foram
entrevistados, a título de amostra qualitativa, cinco pastores adventistas do Recôncavo
Baiano. Veremos a expectativas deles, as alternativas dadas e a forma como cada
um deles utiliza para enfrentar os desafios.
Quando questionados
sobre como
harmonizar as exigências da igreja e da instituição representada em seu campo
missionário obtivemos os seguintes depoimentos:
A associação dá
as ferramentas para potencializar o trabalho da igreja e a igreja precisa ser
direcionada para um trabalho global. E acrescentou, sinto-me feliz em trabalhar
ao lado dos anciãos nos projetos do pastoreio dos mesmos e de evangelismo na
comunidade.
Pastor João
A grande luta
está no sentido de envolver a igreja. Muitas vezes ela está parada e a batalha
da gente é colocar ela em ação disse.
Pastor Pedro
A igreja tem uma visão
de futuro e direção em sua obra. O campo local trabalha unido, de modo coeso
para atingir objetivos. E o pastor é este líder nomeado para isto. A obra é
supervisionada por ele. É o ministro responsável por apoiar os programas da igreja
e executar os mesmos. (PAGANINI, 2010, p. 99). Não é sem luta que o reino de
Deus avançará aqui na Terra. A grande batalha é motivar a igreja para o avanço
da obra do Mestre.
Em relação à luta no
sentido de administrar eficazmente o seu ministério junto às igrejas os atores
deram as seguintes declarações:
É necessária
harmonia: A instituição busca resultados e isso pode ocorrer sem conflitar com
as necessidades da igreja, desde que as ações sejam aplicadas de forma coerente
e harmônica.
Pastor Felipe
Talvez o mais
difícil é administrar a quantidade de programas que nós tempos (Campo local). É
necessária a flexibilidade do pastor do distrito para que a igreja avance em
suas frentes de trabalho e cumpra seus objetivos cujo principal é pregar o
evangelho (missão).
Pastor André
Segundo White(1911); Há
para o consagrado obreiro uma maravilhosa consolação em saber que mesmo Cristo,
em Sua vida na Terra, buscava diariamente Seu Pai em procura de nova provisão
da necessária graça; e saía dessa comunhão com Deus para fortalecer e abençoar
a outros. Talvez um dos maiores desafios do ministério seja passar tempo com
Deus. Não tempo superficial, mas tempo com qualidade. Momento Deus e o pastor.
Dar tempo para ler o texto e deixar Deus falar através daquele texto. Ouvir a
beleza da voz de Deus através da passagem da bíblia. Quando questionado se
tinha conseguido ler a Bíblia e outros materiais devocionais, diariamente, responderam
do seguinte modo:
Este é o maior
desafio: Bem pouco. Este é o maior desafio do ministério. Tirar tempo no
ministério para mim mesmo. Porque logo cedo muitas vezes a gente já está
recebendo ligação de irmãos.
Pastor André
Isso coaduna com o que
diz Fisher: Espero
que o senhor nunca tire um dia de folga. O reverendo Ketcham nunca tirou! (FISHER, 1999, p. 12). Essa pressão interna
ela existe, principalmente da igreja local. Ainda com tantas atividades, com
tanto cobrança, existe algo essencial na vida do pastor que é a leitura.
Pedro afirmou que a leitura na vida do pastor é
questão de vida ou morte. Ela é necessária. É preciso se autodisciplinar. João
concorda com Pedro ao dizer que: O pastor precisa de muita disciplina.
Desenvolvi o hábito de acordar cedo para passar tempo com Deus, fazer
exercícios físicos e me preparar intelectualmente para os desafios do
ministério.
A palavra de Deus
transmite vida aos homens por intermédio de Jesus Cristo. Segundo: é algo vital
e poderoso, realizando tudo que lhe compete. É uma palavra que dá vida ou
condena, dependendo da aceitação de cada pessoa. (CHAMPLIN, 2002, p. 520).
A questão da relação
entre o questionamento de si mesmo e a identidade pastoral também foi abordada
obtendo a seguinte fala:
Embora tenhamos
muitas atividades, faz-nos refletir a essência daquilo que somos. A gente perde
a identidade de nome, mas a gente mantém a essência de quem somos. Para Tiago,
sua identidade é revelada a cada passo. Eu me apaixono mais pelo ministério sagrado.
Identifico-me com a obra em cada momento que meu coração pulsa e especialmente
ao ver pessoas se convertendo e crescendo na fé.
Pastor André
Estas palavras são ligadas com
Fisher(2006,p.31): Para um pastor, a questão de identidade é mais que psicológica.
A identidade do pastor precisa encher-se do conteúdo cristão, deve estar
enraizada em Deus, formada por Cristo, a fim de receber o poder do Espírito
Santo.
Muitas vezes o
questionar a si mesmo é um ato de coragem, mas também pode resultar em alienação.
Nesse sentido obtivemos o seguinte retorno:
Já questionei
minha permanência no ministério, não por me achar incapaz, mas por conta da
complexidade e desengano por perceber que em alguns momentos não pude exercer
realmente minha função de pastor por conta de solicitações das estâncias
superiores, causando um excesso de atividades por metas a cumprir.
Pastor Felipe
Peter(1974) diz: A
grande desgraça cai sobre o homem que deixa de se conhecer, deixa de questionar
a si mesmo, perde até sua imunidade contra uma série de doenças modernas.
Enfrenta diversas pressões que o rodeiam.
Me sinto pequeno diante
dos grandes desafios, mas a convicção aplaca o medo e me faz avançar
corajosamente. Pastor João. Para Gondim(2009): O pastor tão querido, muitas
vezes sofre sozinho porque não tem ninguém pra o ouvir ou por não poder
desabafar. Mas Deus está com o pastor. Essa angústia que vive o ministro é
grande. Tiago reconhece: As aflições de fato são pesadas, mas nos fortalecem em
Deus. A conciliação dessas expectativas foi enfatizada por um dos
entrevistados:
É necessária espiritualidade
contagiante. Não adianta só saber e não ser. De fato você precisa ser
espiritual. Que é reforçado por Tiago: Em primeiro lugar a igreja espera ver no
seu pastor um homem espiritual que tenha intimidade com Deus e sua palavra.
João também reforça com 05 cinco itens: a) ser um homem espiritual, b) engajar
os membros na missão c) ser um bom conselheiro d) desenvolver pessoas para a
liderança e) estar disponível (telefone,
visitas).
Pastor André
Esse pensamento é endossado por Gondim(2009): A
espiritualidade do pastor é pessoal. Ele precisa ter uma dimensão particular
antes que possa exercer influência pública. Cristo se torna a paixão de sua
vida. Para Tiago, o pastor precisa representar bem o seu rebanho, além de ser
companheiro. Murdock (2008) afirma que o
pastor que conhece o rebanho pode ser feliz e fazer outros felizes. Observe a
fala de um dos pastores pesquisados:
Deus está no comando de todas as coisas e nada
acontece sem sua vontade ou permissão. O Pastor precisa ser feliz onde for
colocado e sentir realizado em fazer o melhor ao seu alcance.
Pastor Felipe.
O pastor precisa envolver a igreja na frente
missionária, essa é uma grande luta. Para que isto ocorra é necessário
comunhão. Às vezes é preciso administrar a quantidade de programas, para
alinhar o trabalho distrital com o Campo da Administração local. O pastor
precisa ser um homem disciplinado. Ele tem um ministério que não desvanece.
Cristo precisa ser o centro, e é necessária a busca do Espírito Santo na vida
do pastor.
8) CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo sobre o questionamento de si no ministério
adventista, em suas mais diversas argumentações teóricas e audição no campo de
estudo entre os atores, nos proporcionou as seguintes deduções: que em qualquer
atividade é necessário questionar a si mesmo e que tal questionamento, apesar
de, em muitos casos, provocar angústias e até abandono do ministério, pode
preferencialmente ocasionar descobertas que firmem o ministério e
aperfeiçoamentos importantes no exercício pastoral; que é fundamental ao pastor
se aconselhar com a liderança do seu campo; que é possível ao pastor atender as
expectativas da igreja de modo equilibrado; que as palavras do
pastor não fortalecerão os membros a menos que ele ouça primeiro a voz de Deus;
que quando o pastor tem conhecido o rebanho, é possível escolher e treinar mais
adequadamente os seus líderes espiritual; que ao questionar a sí próprio deve
responder se é conhecido de Jesus e se conhece, de fato, o seu rebanho. Este é
um dos segredos do ministro fora do comum.
Concluímos que é possível superar suas próprias
expectativas e as expectativas da igreja através de sua entrega a Deus e da
obediência a Sua palavra.
Apesar de haver poucos
trabalhos abordando a temática desenvolvida nessa pesquisa, entendemos que este
estudo poderá contribuir para vida ministerial e o questionamento de si na
atividade ministerial adventista. Sugerimos que mais
trabalhos sejam feitos neste vasto campo de pesquisa.
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¹Autor. Acadêmico do Curso de Teologia no SALT
²Orientador. Mestre em Família na Sociedade Contemporânea pela UCSAL
Eduardo Rodrigues Brito
Eduardo Rodrigues Brito
Formação:
Bacharelado em Teologia / Seminário Adventista Latino-americano de Teologia/SALT - IAENE – 2015;
Evangelismo Escola: Curso de Capacitação de Pastores - com Pastor Luís Gonçalves/DSA - 2014.
Bacharelado em Ciências Contábeis – Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro (Uberaba – M.G.) – 2008;
Técnico em Contabilidade – Escola Estadual Anexa à SUPAM (Uberaba M.G.) – 1997.