Lucia Marlene Saieviez Fitzthum
As
dificuldades que fazem parte da vida do cristão podem conduzir a um quadro de
insatisfação, insegurança, depressão, que faz com que muitos deixem de
acreditar na eficácia da oração da fé. Em Mateus 7:7-8 Jesus apresenta alguns
elementos que podem ser considerados os passos da conquista de uma bênção,
mediante a fé em Deus e a certeza pessoal de que Cristo oferece a fórmula
exitosa para o enfrentamento dos problemas e dificuldades humanas.
Pedir,
buscar, bater
“Pedi, e dar-se-vos-á;
buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede,
recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre” (Mt 7:7-8).
Estes versos têm gerado
diferentes interpretações, sendo que muitos fazem uso dos mesmos para
incentivar o crente a pedir, sempre, como se o Senhor fosse obrigado a atender
a todos os pedidos de qualquer que Lhe dirija uma oração, mesmo que esta tenha
simples cunho egoísta. Outros, porém, não compreendem a exata proporção e
alcance das palavras de Cristo e atém-se a apenas uma parte de Sua orientação.
Uma análise mais aprofundada
do texto bíblico revela um contexto em que Cristo aponta para uma sequência de
elementos, uma corrente de eventos que precisam ser considerados em seu
conjunto, para que surtam a eficácia almejada: Pedi... buscai... batei...
Essas características
contextuais requerem, em primeiro lugar, que haja uma necessidade, uma
dificuldade a ser vencida, e a confiança de que Deus está dando as condições
para sua superação. Ellen White escreveu, no livro “O Maior Discurso de Cristo”
(p. 130), que “o Senhor [...] almeja que aqueles que buscam a Deus creiam
nAquele que é capaz de fazer todas as coisas. [...] O Senhor não especifica
nenhuma condição a não ser que tenhais fome de Sua misericórdia, desejo de
conselhos Seus , e aneleis o Seu nome”.
Suponhamos, como exemplo,
que alguém está a enfrentar duas das situações abaixo: um está desempregado e
precisa de um emprego com o qual possa sustentar a si e a sua família, e onde
possa servir a Deus sem maiores problemas; outro está adoentado, desanimado e
precisa melhorar sua saúde. Essas e várias outras situações são enfrentadas
pelas pessoas, mesmo sendo crentes, e os passos dados por Cristo são os mesmos.
Na prática cotidiana do
cristão, Deus conhece todas as necessidades e dificuldades que acometem Seus
filhos. E, quando o crente manifesta sua necessidade ou dificuldade, em atitude
de confiança e sinceridade, por meio da oração, Ele está pronto a ouvir.
Todavia, o ato de pedir precisa conter a especificidade. O pedido deve ser
específico: “eu quero (isso)...; eu preciso (disso), e diante da real
necessidade de atuação divina, Deus intervém. Ainda escreve Ellen White: “O
Senhor empenhou Sua palavra, e esta não pode falhar. Se a Ele vos chegais com
sincera contrição, não tendes que pensar ser presunção de vossa parte o pedir
aquilo que o Senhor prometeu” (idem).
Um dos pontos principais,
portanto, é a fé sincera de que Deus é capaz de ouvir a oração a Ele dirigida.
Mas Jesus não se ateve a
mostrar que se deve somente pedir. Ele continua seu ensinamento apontando para
o passo seguinte da oração: “buscai”. Na sequência do pedido que se faz, a fé
precisa ser ativada, colocada em prática. Aquele que ora com fé, certamente
recebe de imediato uma certeza, um ânimo para realizar ou enfrentar toda e
qualquer dificuldade ou problema. O pedido foi feito, a promessa de recebimento
é certa.
Então, tendo a certeza de
que sua oração foi ouvida, é preciso ir em busca do que foi pedido, é
necessário colocar a fé em ação. A busca pelo que se quer faz parte da
conquista, da bênção pedida. Muitas vezes, senão na grande maioria das vezes,
Deus responde ao pedido feito mediante a ação de ir atrás do que se quer.
Quando entregamos a Deus a nossa necessidade, Ele prontamente irá providenciar
os meios para solucionar essa necessidade, para atender a petição feita.
Contudo, os milagres de Deus requerem participação humana. No caso da morte de
Lázaro, percebe-se que Jesus ressuscitou, mas foram outros que retiraram as
vendas, as cordas. A busca evidencia a condição humana de confiar que Deus
providenciou os meios, ao ouvir a oração feita e que agora se deve ir atrás do
que foi pedido.
Tendo encontrado os meios
através da busca realizada, segue-se a etapa seguinte: “Batei”. Bater significa
ter a coragem de enfrentar o medo, a insegurança, mas, principalmente, a
certeza de que Deus colocou à frente a resposta pretendida. Ainda Ellen White
afirma: “Batam, aqueles que desejam as bênçãos de Deus, e esperem à porta da
misericórdia com firme certeza, dizendo: Pois Tu, ó Senhor, disseste: ‘Aquele
que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre’” (idem, p.
131).
O
passo final, bater, requer a confiança de que Deus esteve, desde o início da
petição, no comando da situação e que, por amor daquele que se coloca em Suas
mãos, irá responder da melhor maneira possível. Ele está a providenciar, nessa
última etapa, a solução adequada ao pedido feito.
Analisando
a situação do desemprego: eu coloquei a minha necessidade diante de Deus, com
fé de que Ele me ouviu; nesse momento, Deus já providenciou a terceira etapa,
mas eu ainda não sei disso. O emprego dificilmente virá à minha porta. Pode ser
que Deus envie alguém para me chamar, que eu saiba do emprego por outra pessoa,
mas, de modo geral, sou eu que tenho que ir em busca. A busca requer esforço,
dedicação, ânimo. Eu quero trabalhar, então eu vou atrás, não apenas levando
currículos nas empresas, mas buscando, conversando, verificando nas agências de
emprego, na internet, etc. Quando sei de uma vaga então bato, ou seja, vou ao
local, procuro conversar, mostrar o melhor que posso fazer, a pretensão de
trabalhar e de realizar algo pela empresa para receber o retorno esperado.
Muitos conseguem já nesse momento a resposta da oração.
Na
questão da saúde, oro pela minha melhora, pela cura, mas não posso continuar a
estragar meu corpo; preciso ir em busca de um médico, de um tratamento, de
mudanças de hábitos e de estilo de vida. Deus pode fazer o milagre da cura
imediata, mas muitas vezes depende de uma mudança de vida, e em especial da
visão que tenho de Deus e do meu corpo como Seu templo.
Nos
passos da conquista da vitória sobre um problema, uma dificuldade, uma
ansiedade, Jesus mostrou que Ele está disposto a responder e dar a solução, a
abrir as portas, a providenciar o escape, a conduzir Seus filhos até que
encontrem o que realmente necessitam, o que é de real importância. Os dons de
Deus estão reservados aos Seus filhos. As promessas de Deus pertencem àqueles
que crêem, que buscam e que não desanimam diante das adversidades. E a promessa
específica de Jesus é que, se essas etapas forem seguidas, com fé e
perseverança, o resultado é certo: ao que pede, recebe; ao que busca, encontra;
ao que bate, se abre. Essa é uma verdade que pode ser percebida em todos os
aspectos da vida, tanto física quanto espiritual. A fé é a chave para vencer
qualquer adversidade.
A
Palavra de Deus contém ensinamentos profundos, e muitos de nossos males não
existiriam, ou não persistiriam, se apenas meditássemos no que os textos
bíblicos nos falam. Para o cristão, e principalmente na época atual, em que
tudo indica a breve vinda de Cristo, é imprescindível analisar os ensinamentos
de Cristo, adotando-os como regra de fé e de vida, ensinando a outros a
conhecerem e a andarem com Ele, para que possamos ter a plenitude de vida
prometida a todos os que aceitam a Jesus como seu Salvador.
A autora é revisora de textos, membro da
Igreja Adventista Central de Cascavel.